CATÁLOGO DAS ESPÉCIES DE ANNELIDA “POLYCHAETA” DO BRASIL
A. Cecília Z. Amaral1,2
Silvana A. Henriques Nallin1
Tatiana Menchini Steiner1
Thalita de O. Forroni1
Décio Gomes Filho1
Gabriel Rabelo de Araujo1
Roberta Freitas3
Carlos Antônio de Oliveira da Costa3
Christine Ruta3
Karina Rebelo E. Gomes2
Rafael de Oliveira Bonaldo1
1. Laboratório de Biodiversidade Bentônica Marinha, Departamento de Biologia Animal - Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. E-mail: ceamaral@unicamp.br; tatims@unicamp.br
2. Museu de Diversidade Biológica - MDBio - Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.
3. Laboratório de Biologia Integrativa de Organismos Marinhos, Departamento de Zoologia - Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ.
Esta compilação das espécies de poliquetas do Brasil é
dedicada a todos aqueles que em algum momento
tiveram o privilégio de admirar a beleza e avaliar a
importância que este grupo representa para a ciência.
Cecilia Amaral
Este catálogo deve ser citado como: AMARAL, A.C.Z.; NALLIN, S.A.H.; STEINER, T.M.; FORRONI, T. O. & GOMES-FILHO, D.; ARAÚJO, G. R.; FREITAS, R.; COSTA, C.A.O.; RUTA, C.; GOMES, K.R.E. & BONALDO, R.O. 2006-2022. Catálogo das espécies de Annelida “Polychaeta” do Brasil. http://www.ib.unicamp.br/museu_zoologia/files/lab_museu_zoologia/Catalogo_Polychaeta_Amaral_et_al_2022.pdf (consultado em / / ).
APRESENTAÇÃO
Distribuída ao longo de uma costa que compreende mais de 37° de latitude, a fauna brasileira dos Annelida "Polychaeta" reflete a diversidade de habitats característicos das diferentes áreas geográficas. Entre os muitos tipos de ambientes encontram-se os recifes de corais, costões rochosos, estuários, lagoas costeiras, manguezais, praias, fundos arenosos, areno-lamosos e lamosos, entre outros, lembrando ainda que os “Polychaeta” ocupam também ambientes de águas continentais e terrestres.
Como um grupo de grande relevância ecológica, vem sendo estudado mais efetivamente no Brasil a partir da década de 1970, com as pesquisas realizadas pelo Prof. Edmundo Ferraz Nonato. Desde então, o Prof. Nonato foi responsável pela formação de gerações de poliquetólogos existentes no país.
Este catálogo, cujo levantamento teve início no final da década de 1990, contém espécies de poliquetas citadas tanto em trabalhos de taxonomia, como de ecologia e conservação, entre outros. Para tanto, foi realizada uma recuperação de dados históricos e elaborada uma ampla revisão bibliográfica que incluiu entre as 848 referências consultadas até o momento, artigos completos publicados em revistas e anais de congressos, capítulos de livros, dissertações, teses e resumos. Como resultado, são citadas para o Brasil 1343 espécies, 463 gêneros e 76 famílias. A maioria destes registros é proveniente da região Sudeste e Sul, principalmente, do Litoral Norte do Estado de São Paulo. Este fato deve-se à infraestrutura proporcionada pelos laboratórios costeiros e onde foram desenvolvidos programas integrados de pesquisas na região entremarés e plataforma continental até grandes profundidades (Amaral et al., 2005; Amaral, et al., 2021).
Neste catálogo, os nomes dos táxons foram mantidos conforme citação original, sendo que alguns podem ser considerados apenas como registros históricos. As famílias, gêneros e espécies estão listados em ordem alfabética, sempre que possível, fornece para cada espécie informações sobre localidade de ocorrência (georreferenciamento), tipo de ambiente (entremarés, infralitoral, estuário, fauna associada, entre outros), profundidade e tipo de sedimento.
O número total de registros é de 10881; dentre estes, em 9031 há informações sobre qual tipo de ambiente foi encontrado: entremarés 2040, infralitoral 6491, estuários 420, manguezal 44 e água doce 36. Pode-se considerar que a região mais explorada constitui a do infralitoral de fundos inconsolidados.
Apesar da tentativa de recuperação de toda produção científica gerada no Brasil, este levantamento poderá ser expandido a partir da colaboração de todos os especialistas, no envio das publicações para divulgação das informações, pois o objetivo é manter os dados sempre atualizados. Dado o volume de informações obtidas, considera-se que a divulgação desses dados, além de facilitar o acesso aos estudos existentes, revela a dimensão do conhecimento do grupo e dos temas abordados até o momento, contribuindo para uma progressiva compreensão das prioridades atuais e futuras em relação às pesquisas na área marinha.
Informações sobre o número de gêneros e espécies e registros por Estado para cada família
Família |
Nº de Gêneros |
Nº de Espécies |
Ocorrência por Estado |
Acoetidae |
6 |
11 |
AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Acrocirridae |
1 |
3 |
RN, RJ |
Aeolosomatidae |
1 |
3 |
SP |
Alciopidae |
7 |
12 |
RN, BA, AL, RS |
Ampharetidae |
6 |
7 |
AL, SE, RJ, SP, PR, SC, RS |
Amphinomidae |
10 |
15 |
AM, PA, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Aphroditidae |
6 |
8 |
PE, AL, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Apistobranchidae |
1 |
1 |
RJ |
Arenicolidae |
2 |
4 |
SP |
Capitellidae |
15 |
35 |
CE, RN, AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Chaetopteridae |
5 |
8 |
AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Chrysopetalidae |
3 |
5 |
BA, ES, RJ, SP, PR, SC |
Cirratulidae |
10 |
30 |
MA, RN, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Cossuridae |
1 |
4 |
BA, SP, RJ, RS |
Ctenodrilidae |
1 |
1 |
SP |
Dorvilleidae |
7 |
18 |
AL, BA, RJ, SP, PR, SC, ES |
Eulepethidae |
3 |
8 |
CE, AL, BA, ES, RJ, PR, RS |
Eunicidae |
8 |
64 |
AM, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Euphrosinidae |
1 |
2 |
PE, AL, RJ, SP |
Fabriciidae |
3 |
3 |
PR, RJ, SP |
Fauveliopsidae |
2 |
3 |
RJ, SP, PR |
Flabelligeridae |
6 |
16 |
RN, PE, SE, ES, RJ, SP, RS |
Glyceridae |
4 |
22 |
RN, AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Goniadidae |
7 |
18 |
PA, CE, PE, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Hesionidae |
12 |
21 |
CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Heterospionidae |
1 |
1 |
SP |
Histriobdellidae |
1 |
5 |
SP, PR, RS |
Iospilidae |
2 |
3 |
RJ, RS |
Iphitimidae |
1 |
1 |
SP |
Lopadorhynchidae |
4 |
5 |
RS |
Lumbrineridae |
12 |
29 |
CE, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Magelonidae |
1 |
8 |
SE, RJ, SP, PR, SC, RS |
Maldanidae |
12 |
29 |
PB, SP, RJ, PR, SC, RS |
Melinnidae |
1 |
1 |
SP, PA, MA, BA, PI, ES |
Myzostomidae |
3 |
3 |
RJ, SP |
Nephytidae |
3 |
15 |
PA, AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Nereididae |
21 |
85 |
AM, PA, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Nerillidae |
1 |
1 |
SP |
Oenonidae |
7 |
17 |
RN, AL, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Onuphidae |
11 |
57 |
CE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Ophellidae |
8 |
40 |
CE, PB, PE, AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Orbiniidae |
8 |
33 |
AL, SE, BA, RJ, SP, PR, RS |
Owenidae |
5 |
11 |
AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, RS |
Paralacydoniidae |
1 |
1 |
RJ, SP, PR |
Paraonidae |
9 |
38 |
RJ, SP, PR, SC, RS |
Pectinariidae |
5 |
8 |
SE, BA, RJ, SP, PR, RS |
Pholoidae |
2 |
5 |
BA, ES, RJ, SP, PR, SC |
Phyllodocidae |
12 |
42 |
RN, PE, AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Pilargidae |
10 |
22 |
CE, RN, PE, AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Pisionidae |
3 |
4 |
RN, RJ, SP, PR |
Poecilochaetidae |
1 |
5 |
SE, RJ, SP, PR, SC, RS |
Polycirridae |
2 |
13 |
BA, RJ, ES, PE, PB, SE |
Polygordiidae |
1 |
3 |
RJ, SP, PR |
Polynoidae |
17 |
38 |
RN, PB, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Protodrilidae |
1 |
1 |
SP, SC |
Protodriloididae |
1 |
1 |
PR |
Questidae |
1 |
1 |
RN |
Sabellariidae |
4 |
13 |
RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Sabellidae |
24 |
50 |
RN, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, SC, PR, RS |
Saccocirridae |
2 |
3 |
RN, SP, PR, SC |
Scalibregmatidae |
2 |
2 |
RJ, SP |
Serpulidae |
22 |
41 |
RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, SC, RS |
Siboglinidae |
1 |
1 |
Atlântico Sul |
Sigalionidae |
13 |
36 |
PA, CE, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Sphaerodoridae |
1 |
1 |
RJ, SP |
Spionidae |
24 |
105 |
CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, RJ, ES, SP, PR, SC, RS |
Sternaspidae |
2 |
3 |
PB, PE, AL, SE, BA, RJ, SP, SC, RS |
Syllidae |
41 |
175 |
PA, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR, SC, RS |
Telothelepodidae |
2 |
3 |
RJ, ES |
Terebellidae |
17 |
33 |
CE, RN, AL, SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Thelepodidae |
3 |
8 |
AL, PB, PE, RN, SP, RJ, SC, PR |
Tomopteridae |
1 |
6 |
RN, BA, RJ, RS |
Travisiidae |
1 |
1 |
RJ |
Trichobranchidae |
3 |
8 |
SE, BA, RJ, SP, PR, SC, RS |
Trochochaetidae |
1 |
1 |
SP |
Thyphloscolecidae |
3 |
5 |
RJ, RS |
76 |
463 |
1343 |
|
Abreviaturas utilizadas
entre |
Entremarés |
AFCa |
Areia fina com calcário |
C |
Cascalho |
SAg |
Silte argiloso |
infra |
Infralitoral |
AgSAr |
Argila síltico-arenosa |
L |
Lama (silte + argila) |
SAgAr |
Silte argilo-arenoso |
planc |
Plancton |
AL |
Areno-lamoso |
LAAF |
Lama com areia fina |
SAr |
Silte arenoso |
A |
Areia |
AM |
Areia média |
OS |
Diferentes tipos de |
SP |
Sob pedras |
AF |
Areia fina |
AMG |
Areia muito grossa |
(*) |
Espécies novas descritas
|
||
AMF |
Areia muito fina |
AS |
Areia síltica |
||||
AFL |
Areia fina com lama |
ASAg |
Areia síltico-argilosa |